12 de novembro de 2025

Exposição no Rio revela objetos que retratam escravidão e resistência

O Museu Histórico Nacional, em reforma desde dezembro do ano passado, reabre em parte na próxima quinta-feira (13) com a exposição Para além da escravidão: construindo a liberdade negra no mundo. A curadoria é compartilhada com museus dos Estados Unidos, África do Sul, Senegal, Inglaterra e Bélgica.   

“Todo mundo participou da concepção e da circulação dos objetos que estarão expostos”, explicou à Agência Brasil a historiadora e curadora brasileira da exposição, professora Keila Grinberg.“É uma exposição sobre escravidão atlântica, global. Ela mostra primeiro como a escravidão é um fenômeno global e como ela envolveu todos os países do mundo Atlântico nos séculos 15 a 19, mas também mostra que a escravidão está muito ligada no momento presente. Daí o nome Para além da escravidão, pensando as conexões com o presente”, destacou Keila. 

Como a mostra não se prende só ao passado, mas repercute também no presente, uma das coisas que o público vai aprender é que as consequências da escravidão existem em vários lugares ao mesmo tempo, segundo a curadora. Keila ressalta que houve resistência à escravidão e ao colonialismo em vários países. “E essas formas de resistência têm conexão umas com as outras”.

De acordo com a curadora, o subtítulo “construindo a liberdade negra no mundo” deixa isso bem claro ao reunir peças religiosas, peças de música, como um atabaque do Haiti, por exemplo. A exposição destaca também as questões contemporâneas. “Por exemplo, tem uma parte, no final, que tem discussão sobre reparação, sobre justiça ambiental e efeitos raciais. Tem uma parte que fala de violência policial, e por aí vai”.

A conclusão, analisou a historiadora, é que a escravidão, como existiu no passado, não existe mais. Mas as consequências, na forma do racismo, principalmente, continuam existindo.

“Eu acho que o grande lance é perceber as estruturas e, também, a luta contra elas. A ideia da exposição, apesar dela ser dura, é que a pessoa sai de lá empoderada com as possibilidades que as várias formas das experiências humanas contra o racismo trazem, embora não se possa falar de esperança no Rio de Janeiro, hoje em dia”.


A ideia, de acordo com a curadora, é mostrar o alcance dos problemas e a possibilidade de mudanças.

A estreia global da mostra ocorreu em dezembro de 2024, no Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, em Washington, nos Estados Unidos.



A mostra reúne cerca de 100 objetos, 250 imagens e dez filmes, divididos em seis seções. Do Museu Histórico Nacional, a mostra seguirá para a Cidade do Cabo, na África do Sul; Dakar, no Senegal; e para Liverpool, na Inglaterra.

20 de novembro de 2025
O livro será lançado no próximo dia 21, no Theatro Municipal de Niterói, com direito a bate-papo musical Filho de Nervina, herói e malandro, soldado e contador de histórias, Zezinho atravessa tempos e lugares com a mesma ginga de quem dança um samba na Lapa. Do interior de Alagoas às trincheiras da Segunda Guerra, das cartas à mãe às noites de boemia no Rio, sua trajetória mistura bravura, paixão e invenção. Verdade ou lenda? Talvez um pouco dos dois. O que importa é que cada história de Zezinho é puro encantamento — uma celebração da vida, da música e da força de quem nunca deixou de sonhar. Todo esse encantamento está no livro “Zezinho de Nervina”, de João Carino, que será lançado no próximo dia 21 com um bate-papo musical a partir das 18h, no Theatro Municipal de Niterói. “Quis escrever um romance que juntasse afeto e memória musical, onde a fronteira entre realidade e invenção é menos um muro e mais um samba: a gente dança por cima”, explica João Carino. O romance é uma viagem por histórias, mistérios e encantos de um herói malandro, filho da boemia e da imaginação. Na Lapa dos anos 1940, o malandro não se vestia: apresentava-se. De terno branco, sapato bicolor e olhar de quem sabia mais do que dizia. Era estilo, era código, era vida vivida no compasso do samba. É nesse espírito que o romance convida o leitor a percorrer memórias, cartas e canções que moldaram um Rio de Janeiro eterno. Quem assina o prefácio é o musicólogo, violonista e compositor Carlos Didier: “Zezinho de Nervina amplia o mapa afetivo da Lapa. João costura a mitologia do malandro com a história da nossa canção — e o resultado é literatura que se lê de ouvido.” Sobre o livro Misturando memória, crônica musical e ficção histórica, Zezinho de Nervina recompõe, com lirismo e ritmo, a trajetória de um anti-herói terno: do agreste de Alagoas ao front da Segunda Guerra, das cartas à mãe às madrugadas de samba. Um romance sobre coragem, afeto e invenção — em que a música é fio narrativo; e a Lapa, personagem. Sobre o autor Carioca de Laranjeiras e apaixonado por Niterói, João Carino é formado em Direito pela UFRJ, mas construiu carreira na música, na cultura e na palavra falada. Por quase quatro décadas, atuou na TVE e na Rádio MEC, produzindo e apresentando centenas de programas que ajudaram a contar a história da música brasileira. Assinou a produção de mais de cinquenta discos — entre eles trabalhos de Elizeth Cardoso, Chico Buarque, Raphael Rabello, Ivan Lins e Beth Carvalho — e dirigiu dezenas de shows no Brasil e no exterior. Desde 2011, é gestor do Programa Aprendiz Musical nas escolas de Niterói. Fundador do Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB), mantém no site immub.org a maior catalogação de discos já feita no país. É coautor, com Frederico Oliveira Coelho, de títulos sobre música popular publicados pelo Instituto Cravo Albin (2004), e, com Diogo Cunha, de Geografia da Música Carioca (Muriqui Livros, 2016). Em 2024, lançou seu primeiro livro de ficção, Contos quase reais (Numa Editora). Zezinho de Nervina é seu primeiro romance. Serviço Evento: Lançamento do romance “Zezinho de Nervina” + bate-papo musical com João Carino, Alfredo Del Penho e Marcos Sacramento Data: 21/11/2025 (sexta-feira) Local: Theatro Municipal de Niterói Endereço: Rua Quinze de Novembro 35, Centro, Niterói Horários: 18h (lançamento) • 20h (bate-papo musical) Ingresso: R$ 40,00 (promocional, inclui o livro) Compra de livro pela Amazon: R$ 59,90 e no dia do evento pelo valor promocional de R$ 40,00.
19 de novembro de 2025
No dia 20 de novembro, quinta-feira, a Casa da Tia Ciata realizará uma edição especial do já tradicional Cortejo da Tia Ciata, em celebração ao Mês da Consciência Negra no Rio de Janeiro. A programação terá início às 10h, no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, com uma sequência vibrante de apresentações culturais e um cortejo que promete emocionar o público ao percorrer a Avenida Presidente Vargas. O evento contará com atrações como grupos de afoxé, escolas de samba mirins, maracatu e demais grupos afros. O encerramento fica por conta do Samba da Cabaça, no retorno ao Calouste. Para os organizadores, o evento representa um marco importante na luta contra o racismo e a valorização da cultura afro-brasileira. "A Tia Ciata foi uma pioneira em transformar sua casa em um espaço de acolhimento, arte e resistência. O cortejo que leva seu nome é uma continuidade dessa tradição de valorização da cultura negra e da resistência através da arte, principalmente neste ano em que celebramos seus 100 anos", destaca Gracy Mary Moreira, gestora da Organização dos Remanescentes da Tia Ciata (ORTC) e espaço cultural. Bisneta de Tia Ciata. Na manhã, as baianas, com suas roupas tradicionais e toda a sua elegância, serão organizadas em destaque, honrando a tradição e a ancestralidade afro-brasileira. Ao meio-dia, terá início a formação do Cortejo da Tia Ciata, que desfilará pela Avenida Presidente Vargas. Durante o percurso, o cortejo levará o público por um passeio histórico e cultural, resgatando memórias e celebrando a resistência da população negra carioca, que teve em Tia Ciata uma de suas figuras mais emblemáticas. A duração prevista do cortejo é de 1 hora e 50 minutos, com retorno ao Centro de Artes Calouste Gulbenkian. De volta ao Calouste, a partir das 14h, será realizado o Samba da Cabaça, um dos momentos mais aguardados da programação. Na roda de samba que é uma homenagem ao candomblé e à cultura afro-brasileira, celebrando as tradições musicais que Tia Ciata ajudou a preservar e difundir. O evento seguirá até às 16h, reunindo sambistas, músicos e admiradores da cultura popular carioca. “O Cortejo da Tia Ciata é mais do que uma celebração cultural; é um movimento de resistência e afirmação da identidade negra no Rio de Janeiro. Organizado pela Casa da Tia Ciata, o evento busca preservar e difundir a memória de Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, uma das principais figuras da Pequena África carioca e considerada uma das matriarcas do samba”, explica Gracy Mary Moreira. Com uma programação rica e diversa, o evento promete atrair um público variado, desde admiradores do samba e da cultura popular até estudiosos e pesquisadores interessados em aprender mais sobre as raízes da cultura afro-brasileira. Sobre a Casa da Tia Ciata Fundada pela Organização dos Remanescentes da Tia Ciata (ORTC), a instituição leva o nome de Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, ialorixá, liderança comunitária e figura central na origem do samba carioca. Mais do que um espaço físico, a Casa representa um quilombo urbano vivo, que conecta saberes ancestrais, arte e tecnologia. Entre as principais novidades do ano, a Casa lançou o jogo interativo “Ciatinha na Pequena África”, desenvolvido com patrocínio da Prefeitura do Rio e lançado no primeiro semestre. O game em 3D transporta os jogadores para o Rio do início do século XX, com uma narrativa que mistura aventura e história, passando por personagens como Tia Ciata e Tia Sadata. O jogo é gratuito e está disponível no Google Play e em eventos parceiros. Além das novidades digitais, a Casa mantém uma programação diversa e gratuita, com vivências de jongo e capoeira, rodas de conversa, caminhadas guiadas pela Pequena África e oficinas culturais. A proposta é aproximar diferentes gerações das raízes culturais negras, fortalecendo vínculos comunitários e celebrando a potência do território. SERVIÇO Cortejo da Tia Ciata Data: 20 de novembro de 2025 Horário: Das 10h às 17h Local de Início: Centro de Artes Calouste Gulbenkian, Rua Benedito Hipólito, 125, Centro, Rio de Janeiro Trajeto: Saída do Calouste Gulbenkian, desfile pela Avenida Presidente Vargas e retorno ao Calouste Entrada: Gratuita